Mindblown: a blog about philosophy.

  • Ao Reencontro – W.S. Merwin. Trad. Luísa M.

    Ao Reencontro – W.S. Merwin. Trad. Luísa M.

    Todas as outras coisas têm de ter mudado têm de ser diferentes   no momento em que apareces   mais do que nunca igual a ti   apanhando-me de surpresa  na minha diferença  na minha idade    muito depois de eu ter  deixado de acreditar em ti chegado ao fim da esperança  o que nem…

  • George Oppen – 4. (de Route)

    George Oppen – 4. (de Route)

         As palavras não conseguem ser transparências completas. Essa             é a sua ausência de coração.      Nem amizades nem amantes são coevas…       assim há muito abandonamos quem está na              extremidade e é-nos insuportável fazê-lo …. A anémona sonhava com alguma coisa, filtrando           a água do mar pelo corpo, Nada mais real…

  • Rosalinda – Fausto – trad. Pedro Augusto

    Rosalinda if you go watch the beach if you go watch the sea do not fall into a ditch your foot on a breach in dirty oil on the sea-shore yesterday’s white sand it’s now covered with tar the wind beats the dunes plastic and coal they are and smell bad like avenues on the…

  • eu e o meu amigo – Charles Bukowski – trad. de H.M.S. Pereira

    eu e o meu amigo – Charles Bukowski – trad. de H.M.S. Pereira

    ainda nos consigo ver juntos noutro tempo sentados à beira do rio completamente podres de bêbados de tinto e a brincar com o poema sabendo que é completamente inútil mas que é algo que se faz enquanto se espera os Imperadores com as suas caras de argila assustadas olham-nos enquanto nós bebemos o Li Po…

  • O Meu Cordial Aviso Foi Dado – Philip Lamantia

    O Meu Cordial Aviso Foi Dado – Philip Lamantia

    O meu cordial aviso foi dado Chicago Nova Iorque Los Angeles caíram E eu fui para Swan City por onde o fantasma de Maldoror talvez ainda paire O Sul é muito civilizado Comi cauda de rinoceronte É a última noite nos crocodilos A Alba abre o punho num palmeiral Hei de ver as costas de…

  • Cancão para Ishtar – Denise Levertov

    Cancão para Ishtar – Denise Levertov

    A Lua é uma marrã e grunhe na minha garganta O seu brilho maravilhoso brilha através de mim e a lama do meu vazio sem fundo luz e quebra-se em bolhas prateadas Ela é uma marrã e eu uma porca e uma poeta Quando abre os lábios brancos para me devorar eu mordo-a e o…

  • Entardecer Ventoso – Charles Simic

    Entardecer Ventoso – Charles Simic

    Tem que se enfeitar este velho mundo Quando se põe assim tanto vento e frio. Os cenários pintados tão sofisticados, Olha, abanam muito! Mais um bocado e caem. E aí não haverá nada a não ser o espaço infinito. O supremo silêncio. O silêncio todo-poderoso. O céu Egípcio. As estrelas como tochas Dos ladrões de…

  • O Espantalho – Charles Simic

    Deus foi negado mas o diabo não.   Os tomates este ano são dignos de nota. Morde-os, Martha, Como morderias uma maçã madura. Junta uma pitada de sal depois de cada dentada.   Caso os sucos te escorram pelo queixo Até aos seios nús Dobra-te na pia da cozinha.   Daí consegues ver o teu…

  • O que penso quando medito – Gary Snyder

    O que penso quando medito – Gary Snyder

    Quer dizer, podia dizer-te que consigo dizer- -te mas que não o ia perceber mas não o farei Tu perceberias mas eu não consigo, quer dizer topa isto, isto já deu o que tinha a dar detesto sentar-me de pernas cruzadas doem-me os joelhos o nariz escorre e tenho que ir à sanita já de…

  • Os barcos flutuam – Kenneth Rexroth traduz Chu Hsi

    Esta noite ao longo das margens Subiram as correntes da Primavera. Grandes navios de guerra e barcaças gigantes Flutuam leves como penas. Antes, nada havia que as arrancasse da lama. Hoje flutuam ligeiras na corrente rápida.

  • Um Buda no monte de lenha – Lawrence Ferlinghetti

    Se tivesse havido pelo menos um budista no monte de lenha em Waco texas para nos ensinar a sentar quietos um Budista de açafrão nos quartos das traseiras só um lama Tibetano só um Taoísta só um Zen só um Trapista como Thomas Merton só um santo na natureza selvagem de Waco EUA Se tivesse…

  • Do cimo da torre de vigia – Bob Dylan

    Tem que haver maneira de sair daqui, disse o bufão ao ladrãoé confusão a mais, não tenho paz, os banqueiros bebem-me o vinho, os campónios rasgam-me a terrae ao fim de contas nenhum deles sabe o valor que isso tem “Não percas a cabeça”, disse o ladrão com carinho, “há muitos entre nós para quem…

  • Calendários – Jim Harrison Trad. Pedro Augusto

    Recostado no cadeirão azul, o ateliê verde em frente, passou mais um ano, pelo menos diz que sim, mas os calendários mentem. São uma espécie de máquina empresarial cósmica como os seus primos relógios, mas falham em momentos inoportunos. Há cinquenta anos atrás aprendi a saltar fora do calendário mas ia-me impelindo para ele pela…

  • A Lua – David Berman

    Uma rede de esgotos, canos e cabos liga cada casa às outras. No 206 um cão dorme ao lado do fogão que tem uma  pequena fuga de gásque o faz ter visões; visões nascidas do gás e de nada mais. Na porta ao lado, um homem que se lembrou  de comprar um carro às peçasdesembrulha…

  • Pedrada de Rosetta – Tool – Trad. Pedro Augusto

    Ora muito bem. Tentem imaginar o seguinte. Das 10 da noite às 2 da manhã, a tripar em X, DMT para yoga e uma caixa de línguas de veado, no meu posto de informações junto à Área 51 A contemplar aquele cenário todo do “nós somos os eleitos”, quando eis que uma banana invisível em…

  • Nansen – Gary Snyder

    Encontrei-te numa manhã de chuva Depois de um tufão Num bosquezinho de bambú emDaitoku-ji. Pquenino trapo ensopado com uma Voz gigante, rastejaste debaixo da cerca até à minha mão. Deixado para morrer. Levei-te para casa no meu sobretudo. “Nansen, queijo!” gritavas uma resposta E vinhas a correr. Mas nunca ficaste grande, Pequeno anão luminoso de…

  • Como se costuma dizer – Robert Creeley

    Debaixo da árvore em relva suave me sentei, eu fiquei a ver dois picapaus felizes perturbados pela minha presença. E porque não, pensei de mim para mim, porque não. 1962

  • A conduzir para o Rio Le Lac Qui Parle – Robert Bly

    Conduzo, é hora do crepúsculo, no Minnesota. O campo etéreo recebe os últimos raios de Sol. As plantas de soja respiram de todos os lados. Estão velhos sentados em bancos de carros em frente à casas nas cidades pequenas. Estou feliz, a Lua sobe por cima das capoeiras dos perús.   O pequeno mundo do…

  • O Disco riscado – William Carlos Williams

    Desviem o leito para fazer o aterro Bombeiem areia do rio Para dentro do pântano Matando tudo o que lá haja incluindo os ratos-almíscarados. Quem fez isto? Foi aquele tipo! Aquele da camisa azul E gorro turquesa. Nivelem tudo Para ele fazer uma casa Para fazer uma casa para Fazer uma casa para

  • A Janela – Robert Creeley

    A posição é onde a pões, onde ela fica, será que tu, por exemplo, aquele grande tanque, prateado, com a igreja branca ao lado, será que tu subiste isso tudo e com que fim? Como é pesado o lento mundo quando está tudo no sítio. Passa um tipo, um carro ao lado dele na estrada…

  • Carta Revolucionária nº12 – Diane DiPrima

    o vórtice da criação é o vórtice da destruição o vórtice da criação artística é o vórtice da auto-destruição o vórtice da criação política é o vórtice da destruição da carne a carne está no fogo, encarquilha e deforma-se horrivelmente a gordura está no fogo, pinga e canta em assobio os ossos estão no fogo…

  • Primeira Neve, em Kerhonkson – para o Alan – Diane DiPrima

    É este, então, o presente que o mundo me deu (que tu me deste) gentilmente a neve que preenche as covas deitada à superfície do lago a combinar com as minhas velas compridas e brancas que estão à janela que irão queimar ao anoitecer enquanto a neve enche o nosso vale este vazio não virá…

  • As Canções de Maximus: Canção 1 – Charles Olson

    imagens a cores de tudo o que se come: postais sujos E palavras, palavras, palavras por todo o lado em cima de tudo Não há já olhos ou ouvidos para cumprirem as suas funções (todos invadidos, usurpados, ultrajados, todos os sentidos incluindo a mente, esse trabalhador daquilo que é E aquele outro sentido feito para…

  • As Canções de Maximus: Canção 2 – Charles Olson

    estão todos mal E sou levado a perguntar – pergunto-me (também eu coberto com essa peçonha) para onde vamos, o que podemos fazer quando até os transportes públicos cantam? como é que podemos ir a qualquer lado, mesmo atravessar a cidade como podemos sair de onde quer que seja (os corpos todos enterrados em covas…

  • Richard Cory – Versão de Van Morrisson com Them

    Diz-se que o Richard Cory é dono de meia cidade, E que tem amigos na política por quem distribui a riqueza. Vindo de boas famílias, filho único de um banqueiro, Tinha tudo o que um homem pode querer: poder, maneiras e estilo.   Mas eu trabalho na fábrica dele E maldigo a vida que tenho…

  • Black Bart – sem título 1877

    Para ter pão, honra e riquezas Ando há muito tempo numa Desmesurada labuta, E dos meus esforços já vocês sugaram demais Seus grandes filhos-da-puta.

  • Black Bart – sem título 1878

    Aqui me deito a dormir À espera da manhã vindoura, Talvez venha sucesso, talvez fracasso E tristeza para todo o sempre. Venha o que vier, aceitá-lo-ei, As coisas não podem ser piores do que já são, E se houver dinheiro naquela caixa Vai haver dinheiro na minha bolsa.

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